O Rio Grande do Sul, terceiro maior estado do Brasil em número de municípios, enfrentou um cenário desafiador após as enchentes de maio que afetaram 478 dos 497 municípios. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), os prejuízos ultrapassaram R$ 13 bilhões, com o setor habitacional e a agropecuária entre os mais atingidos. As próximas gestões municipais, a serem eleitas a partir de 6 de outubro, terão uma árdua tarefa de lidar com essas consequências financeiras.
O setor agropecuário, vital para a economia gaúcha, sofreu perdas estimadas em quase R$ 6 bilhões. Em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, produtores como Arceli e Dorival Junkeen enfrentam dificuldades após três enchentes consecutivas. A venda de 30 vagas para reduzir custos foi feita em uma queda significativa na produção de leite, que agora está pela metade.
A falta de alimento para o gado é um dos maiores problemas enfrentados pelo setor leiteiro, que é o quarto maior em termos de Produto Interno Bruto (PIB) no estado. Na propriedade dos Junkeen, a silagem foi completamente perdida, e a recuperação das plantações avançou tempo, agravando ainda mais a situação econômica dos produtores.
Os próximos prefeitos terão que enfrentar desafios importantes, especialmente no Vale do Taquari, onde a agropecuária é base de arrecadação em muitos municípios. Em Estrela, por exemplo, a agropecuária representa 40% da economia local, enquanto em Roca Sales esse número chega a 45%. A privacidade das infraestruturas danificadas será crucial para uma recuperação económica.
A situação é agravada pelo fato de que apenas 47,5% dos atuais prefeitos concorrem à reeleição, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso pode ser atribuído ao desânimo diante dos desafios ou ao término do segundo mandato. A queda na arrecadação municipal, prevista pelo presidente do Sindicato Rural de Roca Sales, Gilmar Bernstein, é uma preocupação adicional.
A recuperação das estradas e da logística é uma prioridade, já que muitas regiões ainda dependem de pontes provisórias construídas pelo exército ou pela comunidade. Essas estruturas não suportam cargas pesadas, o que dificulta o transporte de produtos agrícolas e a retomada das atividades econômicas.
Além das infraestruturas, a explicação das áreas de produção e dos solos será determinante para a continuidade dos produtores na atividade. As enchentes não apenas destruíram plantações, mas também comprometeram a fertilidade do solo, exigindo investimentos para a recuperação.
Os novos prefeitos do Rio Grande do Sul enfrentarão um cenário complexo, onde a gestão eficiente dos recursos e a implementação de políticas de apoio ao setor agropecuário serão essenciais para superar os desafios impostos pelas enchentes e garantir a sustentabilidade econômica dos municípios afetados.