Na visão do empresário Aldo Vendramin, a formação de redes de inovação no campo é uma das chaves para transformar o agronegócio brasileiro em um ecossistema mais colaborativo, tecnológico e competitivo. A conexão entre produtores rurais, universidades, centros de pesquisa, startups e cooperativas permite acelerar a criação de soluções aplicáveis à realidade do campo, promovendo ganhos em produtividade, sustentabilidade e gestão.
Mais do que adotar tecnologias prontas, o novo paradigma exige protagonismo e integração entre os diversos agentes da cadeia, respeitando as particularidades de cada região e valorizando o conhecimento técnico e empírico acumulado no meio rural.
A importância da articulação de redes de inovação entre diferentes atores
A inovação no campo não ocorre isoladamente. De acordo com Aldo Vendramin, ela depende da articulação entre diferentes setores: o produtor que identifica os problemas reais da lavoura, o pesquisador que desenvolve soluções técnicas, a startup que transforma conhecimento em produto, e a cooperativa ou empresa que estrutura a aplicação em larga escala.

Quando esses atores trabalham de forma conjunta, o resultado é um fluxo contínuo de inovação, em que as ideias saem do laboratório para o campo com mais rapidez, e o retorno prático desses experimentos retroalimenta a pesquisa. Essa lógica de rede é mais eficiente do que modelos verticais, pois valoriza o diálogo, o aprendizado mútuo e a co-criação.
O papel das universidades e centros de pesquisa
As instituições de ensino e pesquisa têm um papel fundamental na formação de redes de inovação. Conforme destaca Aldo Vendramin, universidades públicas e privadas oferecem não apenas a base científica necessária, mas também recursos humanos qualificados e laboratórios equipados para testar novas ideias. Quando essas instituições se aproximam do campo, elas ampliam o impacto social de seu conhecimento e ajudam a formar profissionais mais conectados com a realidade produtiva.
Além disso, os programas de extensão universitária, as incubadoras acadêmicas e os convênios com cooperativas rurais têm se mostrado canais eficazes para a criação de tecnologias adaptadas às necessidades dos agricultores, com foco em baixo custo, usabilidade e escalabilidade.
Iniciativas dos produtores como ponto de partida
Muitas vezes, a inovação surge da prática cotidiana. Segundo Aldo Vendramin, o produtor rural que testa um novo sistema de irrigação, adapta máquinas ou modifica a forma de manejo está, de fato, inovando. Quando esses saberes são compartilhados em grupos, associações ou cooperativas, eles ganham força e podem ser validados cientificamente.
A valorização do conhecimento local é essencial para o sucesso das redes de inovação. Criar ambientes em que o produtor se sinta ouvido e reconhecido estimula a participação e amplia o potencial de transformação. Essa escuta ativa deve ser incorporada por universidades, startups e instituições públicas envolvidas na cadeia.
Startups e hubs de inovação no agro
Nos últimos anos, o surgimento de agtechs e hubs de inovação voltados ao agronegócio tem contribuído para acelerar a formação dessas redes. Frisa Aldo Vendramin que essas startups funcionam como pontes entre o campo e a tecnologia, desenvolvendo soluções ágeis, testáveis e com potencial de escala.
Os hubs de inovação, por sua vez, reúnem em um mesmo ambiente empresas, investidores, pesquisadores e produtores, favorecendo a troca de experiências e o surgimento de projetos conjuntos. Ao conectar demandas reais com soluções criativas, essas iniciativas fortalecem o ecossistema de inovação rural.
Políticas públicas e incentivos à inovação colaborativa
Para que as redes de inovação no campo se consolidem, é fundamental o apoio de políticas públicas voltadas à pesquisa aplicada, à educação técnica e à conectividade rural. Conforme aponta Aldo Vendramin, programas de fomento à inovação, linhas de crédito específicas e editais de parceria público-privada podem estimular a criação de novos projetos e ampliar o impacto das redes já existentes.
Também é essencial investir na qualificação dos profissionais que atuam como facilitadores dessas conexões — técnicos agrícolas, extensionistas, gestores de projetos e líderes comunitários — garantindo que eles tenham as ferramentas necessárias para mediar a relação entre os diferentes atores.
Um novo modelo de desenvolvimento rural
Formar redes de inovação no campo é, acima de tudo, apostar em um modelo de desenvolvimento que valoriza a colaboração, a inteligência coletiva e o protagonismo dos produtores. Ao aproximar ciência, tecnologia e tradição, o agronegócio brasileiro pode avançar para um novo patamar de competitividade, preservando sua diversidade e respeitando os diferentes contextos regionais.
O futuro do campo será moldado por quem souber trabalhar em rede — unindo saberes, conectando territórios e construindo soluções com os pés na terra e os olhos no amanhã.
Autor: Igor Semyonov