Segundo os pesquisadores Daniel Krcmaric, Stephen C. Nelson e Andrew Roberts, da Northwestern University, dos Estados Unidos, 11% dos indivíduos incluídos na Lista de Bilionários da Forbes já conquistaram ou tentaram cargos públicos
Muitos bilionários não se contentam em apenas administrar seus negócios e fortunas, eles também querem comandar cidades, estados ou países. Um novo estudo realizado pelos professores Daniel Krcmaric, Stephen C. Nelson e Andrew Roberts, da Northwestern University, dos Estados Unidos, revelou que 11% dos indivíduos incluídos na Lista de Bilionários da Forbes concorreram às eleições ou tornaram-se políticos.
“Políticos bilionários são um fenômeno chocantemente comum”, afirma o trabalho. “A concentração de enorme riqueza nas mãos de uma pequena elite fez com que muitos analistas, compreensivelmente, se preocupem com o fato de os super ricos terem uma influência política enorme”.
Nos Estados Unidos, um exemplo notório é Donald Trump, agora na sua terceira campanha presidencial consecutiva. Nas sondagens, ele está superando outros candidatos ultra ricos do Partido Republicano, Vivek Ramaswamy e Doug Burgum.
Por lá, outros endinheirados que já conquistaram ou tentaram cargos políticos foram Michael Bloomberg e Tom Steyer (eles não tiveram sucesso, mas gastaram mais de US$ 100 milhões de dólares das suas próprias fortunas nas campanhas); Rick Caruso (perdeu a eleição para prefeito de Los Angeles no ano passado depois de dispender US$ 104 milhões em sua campanha) e JB Pritzker (se tornou governador de Illinois após desembolsar mais de US$ 350 milhões).
Ao redor do mundo, os políticos bilionários são ainda mais comuns, aponta a rede CNBC. Alguns nomes conhecidos são Andrej Babiš, da República Tcheca; Silvio Berlusconi (1936-2023), da Itália; Bidzina Ivanishvili, da Geórgia; Najib Mikati, do Líbano; Sebastián Piñera, do Chile, e Thaksin Shinawatra, da Tailândia.
Bilionários na política são mais conservadores
O estudo analisou todos os bilionários da lista da Forbes que entraram para a política. Foram excluídos aqueles que fizeram fortuna principalmente através de cargos políticos, ou que se tornaram bilionários depois de deixarem a política. O presidente russo, Vladamir Putin, por exemplo, não foi incluído porque não está na lista da Forbes e fez fortuna depois de entrar na política.
Juntamente com os eleitos para cargos públicos, o trabalho relacionou super ricos que ocuparam cargos de gabinete, funções governamentais importantes e embaixadores.
Os autores Krcmaric, Nelson e Roberts descobriram que a maioria dos bilionários ocupa vários cargos políticos ao longo de suas carreiras – em média 2,5 cargos durante a vida. Outra constatação foi a de que eles têm muito mais sucesso em regimes autocráticos e autoritários do que em governos democráticos.
Pelas informações coletadas, a China tem a maior concentração, 36%, seguida por Hong Kong (31%) e Rússia (21%). “Supomos que isto se deve a motivos mais fortes de proteção da riqueza para a entrada política nas autocracias e à vasta gama de caminhos ‘furtivos’ para a influência política informal nas democracias”, disseram os pesquisadores.
E, ao analisar a filiação partidária e a ideologia, constatou-se que os bilionários normalmente são mais conservadores. Medidos ao longo do espectro político, três quartos “estavam à direita da mediana”.
O estudo afirma que os ricos e abastados são geralmente “mais propensos a abraçar o conservadorismo fiscal, a opor-se a programas de gastos sociais, a valorizar a eficiência em detrimento da igualdade de resultados, a ver a desigualdade econômica como resultado de escolhas e características individuais em vez de fatores estruturais, e a competir pelo estatuto social”.